30 abril 2006

A relação

O nosso capital étnico só é investido quando confrontado na relação, na alteridade. Só somos Costa do Sol na relação, por exemplo, com o Maxaquene. Não sou, portanto, Costa do Sol em si, fora de um percurso histórico, fora de uma relação, de uma confrontação, de uma competição. Se o fenómeno Maxaquene ou se o fenómeno que o Maxaquene emblematiza desaparecesse, eu deixaria potencialmente de ser Costa do Sol. É a partir da interacção, do comércio da alteridade, que ocorre, pelos mais variados actos, aquilo a que chamo etnicidade espontânea, quer dizer, a crença numa comunidade subjectiva instintiva, emocional, numa endo-identi­dade (ego) confrontada com uma diferença (alter) e, portanto, com a exo-identidade. Essa crença é, normalmente, defensiva. E ela é, fundamentalmente, pré-política no sentido de que os comporta­mentos por si gerados visam menos induzir condutas estratégicas do que a fazer-lhes face pela defensiva.

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