27 maio 2009

A propósito de peixe

Hoje, ao almoço, cheirou-me francamente a peixe, aquele cheiro forte, atacante, enjoativo, que detesto mesmo quando me delicio com o saboroso pende lá de Tete, minha terra. Mas que peixe me narinava? Postas, nada peixemente configurado, nada de escamas, apenas o ícone, milimetricamente cortado, postado. Assim é com muitas coisas. Compramos bife, memória distante do boi ou da vaca. Compramos pernas de galinha, coisas assim. Lembro-me de em 1982 ter ficado horas numa longa bicha (fila indiana) para, em Moscovo, visitar, por insistência do guia, um curral de porcos de múltiplos tamanhos. Perguntei ao guia por que está estávamos ali, em meio àquele chiqueiro sem fim. Resposta: a gente vem aqui porque queremos conhecer os porcos, deles apenas conhecemos a carne, os enchidos, perdemos as raízes rurais há muito.

2 comentários:

umBhalane disse...

Prof., já começou a desforrar-se da Camila, ou foi só coincidência!

Viriato Dias disse...

Mesmo com pende, nkolokolo, capenta, mulamba, txenga, xicoa, alguns nomes de peixes do nosso grande e mítico rio, o Zambeze, há mesmo assim gente a morrer à fome em Tete. Quando não é por causa da fome é divido a má-nutrição! Como pode isso estar a acontecer, tendo o Zambeze por perto???

Um abraço