30 março 2011

As ideologias perante a Líbia

No blogue de Alberto Piris: "No prisma do pensamento que se tem por progressista ou das esquerdas (por confusa que seja esta expressão), a intervenção militar na Líbia provocou um debate que vale a pena estudar." Em espanhol aqui, para traduzir aqui

1 comentário:

ricardo disse...

Esta analise e como o champagne Moet et Chandom. Depois de aberta a garrafa, toma-se o primeiro traggo e deita-se fora o resto.

E o perigo das generalizacoes.

Se algum termo de comparacao houvesse, seria certamente com o Egipto e a Tunisia. Recentemente, alguem fez a as contas e concluiu que nos 20 dias que antecederam a queda de Mubarak morreram perto de 700 pessoas. Na Tunisia, o numero e ligeiramente inferior. Na Libia, ja morreram (numeros provisorios) perto de 6000 mil pessoas. Ha uma guerra civil convencional a decorrer. Um exercito dividido em faccoes antagonicas (nao vimos isso senao agora no Yemen, e o efeitos foram imediatos). Ha meios belicos poderosissimos (incluindo reservatorios de armamento pesado e produtos quimicos e bacteriologicos. Felizmente, ja nao ha nuclear) em uso ou a serem traficados para outras paragens do mundo, que obrigam a uma atencao especial, tudo isto, misturado com uma organizacao do estado caotica por natureza (Livro Verde) que perante esta sublevacao, reflecte-se no modo como as coisas tem sido conduzidas quer por Kadhaffi, quer por seus opositores. Ate parece uma zanga de comadres. E ha, sobretudo, - e espanta-me que um europeu nao perceba isso - risco de impacto directo nos paises europeus da orla mediterranica. Se estas nao forem razoes bastantes para toda comunidade europeia se mobilizar, entao, como se explica que a SADC por muito menos, o tenha feito no Lesotho e a ECOWAS na Serra Leoa e Liberia?

Fala-se muito, como argumento de sustentacao de uma suposta divisao na NATO, do papel ambiguo da Alemanha nisto tudo. Pois, mas quando foi da antiga Jugoslavia, a atitude germanica foi diferente. Porque - e nao sao so as eleicoes regionais que determinam isso - a proximidade geografica da Europa Central era evidente. E o envolvimento turco e eslavo no assunto tambem. Ora, sabe-se muito bem o peso que as comunidades turca e eslavas tem no eleitorado e economia alemaes. Assim como os judeus o tem nos EUA. Porque, como diz o ditado, quando as barbas do meu vizinho estao a arder eu coloco as minhas de molho.

Sendo certo que no Bahrain ha interesses evidentes dos EUA que o impedem de estar a favor dos manifestantes, o seu proxy local de Riade fe-lo. E o certo e que nao ser verificam mais manifestacoes. Poderao dizer que a repressao e avassaladora. Mas na Siria tambem e, e no entanto as manifestacoes prosseguem. Alias, reparei que na Siria, Assad foi lesto a reagir as contrariedades. Tomou certas medidas (podera parecer cosmetica), como levantar o estado de emergencia de a 48 anos. Ora, o Egipto do pos-Mubarak ainda continua em estado de emergencia, embora ninguem o cumpra.

E finalmente Gaza. Eu acho que o sionismo tem-se revelado nocivo inclusive para os proprios judeus. Ironicamante, as agruras do Holocausto sao agora praticadas pelas proprias vitimas. Mas nao se julgue apenas as aparencias, porque aqueles que de Gaza lancam periodicamente rockets TAMBEM contribuem para o agravamento da situacao. E o pior exemplo disso, e o facto da Cisjordania e Gaza serem hoje governadas por dois governos palestinos, antagonicos e visceralmente sectarios, teleguiados de Teerao ou de Riade. que nos transmitem a desuniao, quando a luz das resolucoes da ONU o todo e nao as partes e que sao o projecto de estado soberano. Por essa razao, mesmo percebendo o efeito positivo do reconhecimento da Palestina pelo Brasil, Argentina e outros estados importantes, acho um exercicio inutil e retorico, porquanto, nao sei que Palestina e que esta sendo reconhecida. E isto, e um handicap profundo que os palestinos deveriam ter parcimonia de ultrapassar, porque estas bizantinices em nada lhes favorecem. E o mais frustrante e intrigante, e perceber que, desde a criacao da OLP, os palestinos nunca conseguiram entender-se em nada(http://en.wikipedia.org/wiki/Palestine_Liberation_Organization).

Se no caso libio, Benghazi proclamasse um estado independente a ONU aprova-lo-ia como resolucao? Julgo que nao, e isso faz a diferenca.