29 novembro 2013

O boato do tira-camisa e a síndrome de Muxúnguè (2)

Segundo número da série. Eis o sumário enquadrador:
1. Introdução
2. Teorema de Thomas e estrutura viral de um duplo boato
3. Obstinada fé compensatória
4. Concepção conspiratória na condenação
5. Irradiação e ampliação via blogues e redes sociais
6. Eclosão na Munhava: dois fenómenos
7. Fenómenos especiais: ataques armados, eleições e actuação da FIR
8. Significado aglutinado: síndrome de Muxúnguè
9. Força de um tsunami social e eventual aproveitamento multiforme
10. Inquietação social, predisposição à crença ilimitada e efeito multiplicador
11. Fenómenos aparentados: do chupa-sangue ao ferro de engomar
12. Conclusão
Se não se importam, prossigo mais tarde.
(continua)
Adenda às 06:13: “Reafirmamos que se trata de um boato, [...] Trata-se de uma invenção”, afirmou Edgar Cossa. Disse ainda que o Ministério recebeu a informação de anónimos e, de seguida, tentou averiguar no terreno, mas não encontrou provas claras que explicam a situação. “No terreno, não se constatou quem foi recrutado, onde, como, quando e nem o quartel onde eles estejam a treinar, neste momento. Estas cinco evidências não são comprovadas”, disse o porta-voz."
Adenda 2 às 06:26"No terreno, a nossa equipa de reportagem interpelou muitos jovens sobre o assunto, no entanto, ninguém conseguiu apresentar prova desta informação, limitanto-se apenas a afirmar que circulava informação de que muitos jovens estavam a ser recrutados para tropa."
Adenda 3 às 08:06: jornalistas com trabalho feito na cidade da Beira disseram-me que popularmente ninguém usava a expressão "tira camisa". A expressão popularmente usada, em português, tinha a seguinte matriz: "Não queremos ir à tropa". Regressarei a este também boato (o do "tira camisa") no desenvolvimento do sumário.
Adenda 4 às 11:30: o boato não é uma irrealidade, não é menos verdadeiro do que a realidade. O grande problema consiste em descobrir a sua gramática. Por trás de um boato há uma cadeia de fenómenos que importa trazer à superfície analítica.
Adenda 5 às 12:00: "Mas faremos todo o esforço para clarificar este caso”, disse o vice-ministro, tendo referido ainda que esta questão de recrutamento compulsivo está a pôr em causa a idoneidade de todo o governo moçambicano."
Adenda 6 às 15:07: intervenção do primeiro-ministro, aqui.

2 comentários:

nachingweya disse...

Quanto mais alto se for subindo a procura de explicações objectivas do que se passou na Beira e suas reais causas menos se saberá. Não tarda mesmo nada que se diga que na não se passou nada. Está tudo bem. Existe estabilidade social, existe crescimento economica e já não nem pobreza urbana em resultados dos feitos da governação. " Come on", gente!

Salvador Langa disse...

O interessante é o tempo dedicado por vários cidadãos na net a tentar mostrar que houve mesmo recrutados à força.